quinta-feira, 17 de maio de 2007
As pessoas sensíveis.
O meu filho está neste momento à porta do Campo Pequeno a manifestar-se contra as touradas. Nada a obstar, pelo contrário (abomino touradas), mas não posso resistir a preparar-lhe um bifinho de vaca irónico para o regresso a casa. (Embora não coma carne, cozinho-a quando não há outro remédio, mas sem provar.) E vai ter o bifinho pronto acompanhado de um poema. Enfim, estava mais a pensar nos quatro primeiros versos, mas, já agora, segue o poema todo.
As pessoas sensíveis
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão."
Ó vendilhões do templo
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
Sophia
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1 comentário:
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