segunda-feira, 9 de abril de 2007

Porquê?


Esta Páscoa serviu para várias coisas, entre elas, para perceber, claramente percebido,
que tenho uma (chamemos-lhe assim) doença mental relacionada com a comida. O modo como eu como é patológico, neurótico, certamente obsessivo. Durante a semana antes da Páscoa, aproveitei os banquetes diários em honra da visita do lado espanhol da família, e, tomando isso como legítima desculpa para mim mesma, lá me fui empanturrando diariamente. Que era só enquanto eles estivessem, esgrimia com a minha má consciência. Depois acabava. Mas depois veio o fim-de-semana em casa dos meus pais. E começou por ser só uma ponta de um bolinho de torresmos, e mais outra pontinha, e outra, e depois o bolinho inteiro. E mais outro bolinho. E outros. E mais a pontinha do folar, e do pudim de ovos… De preferência, pela surra, para evitar ter de ouvir recriminações públicas. Ontem à noite dei por mim a desejar ardentemente que a minha mão, coitada, se fosse enfim deitar e me deixasse o reino da cozinha. Para quê? Na dispensa estava uma alcofa cheia de Ferrero Rocher e outros que tais, que uma visita frequente lhe tem oferecido (a minha mãe, que não é gulosa, acumula estas coisas). Já estão mesmo a adivinhar, não é? Começou por ser só um, e acabei por comer a caixa de Ferrero inteira. Como se só a caixa inteira pudesse aplacar a minha fome avassaladora (e ainda olhei cobiçosamente para as outras caixas). Primeira moral da história: numa semana engordei uns dois quilos ou mais. Moral imprecisa da história: não sei por que isto me acontece, ou porque aconteço eu a isto.

Alguma pista?



12 comentários:

Simplesmente Maria disse...

Poderei dar-te várias pistas para o que te está a acontecer mas, na verdade eu acho que sabes o que é...Bjcs

Zen disse...

Querida Maria, simplesmente... não sei. Para além das respostas fáceis e mais ou menos estereotipadas que se aplicam facilmente à circunstância. Um abraço, anyway.

Luna disse...

Zen eu acho que isso fui daquelas compulsões que todas temos... umas mais outra menos, depois parece que qdo queremos mudar alguma coisa ou qdo certas coisas se tornam proibidas para nós é que nos apetece mais comer...
Uma boa solução podia ser falares com a tua Mãe para ela esconder melhor essas "prendas" e as deixar bem longe da tua vista... mas, eu sei que nem sempre é fácil, lá em casa eu falo constantemente com a minha e parece que nada serve... enfim.
Espero que neste momento consigas encontrar alguma força dentro de ti para recomeçares... e, que se voltares novamente à RA esses 2 kilitos (e os outros) começam a evaporar. Mta força!
Beijinhos e acredita em ti

Algodão Doce disse...

Olá!
Sabes eu costumo dizer "sou como as crianças".
Na verdade se eu quero manter uma boa alimentação NÂO POSSO ter em casa tentações. A sério se tiver estou sempre a pensar na comida e acabo por ir comer.
Na Páscoa enquanto não acabaram as amêndoas eu não parei...e fui comprar mais, não!
Em casa da minha mãe há bolos, doces...eu estou sempre a comer ao FDS quando lá vou.
Em minha casa só tenho coisas saudáveis porque ñão me consigo controlar!
Tenta não teres tentações à mão...funciona mesmo!
Beijinhos doces e força!

Helena disse...

Na realidade, Zen, nós somos adictas à comida, tal como outros são adictos às drogas ou ao alcóol. No caso dos alcoólicos basta o primeiro copo e depois não conseguem parar. Connosco basta a primeira "ponta" de qualquer coisa e de seguida vai tudo pela frente, ou antes, pela boca abaixo. Não tenho pistas para o que se passa contigo. Também não sei porque acontece comigo, mas já identifico os padrões em que acontece. Eu tomei a decisão de voltar a fazer psicoterapia porque a resposta está dentro de nós, nós sabemo-la mas não a conseguimos verbalizar. Já percebi que não consigo fazer RA sózinha, tudo bem nuns dias e noutros uma desgraça, por isso vou procurar quem me ajude a entender e modificar este comportamento comigo e com a comida. Beijos, desculpa se foi extenso o comentário.

Zen disse...

Sim, Dharma, é isso (convém dizê-lo alto para espantar as assombrações da mudez): somos viciadas em comida, como outros em coca ou em álcool. Assumo-o com um misto de alento e desalento e, também, alguma perplexidade. Não sei que me faça. Ou claro que sei: para já, é deixar passar os dias maus. Porém, recomeçar sempre também cansa, ofício de Sísifo.
Enfim, um beijo, Zen

Luna e Algodão, pois. A ideia de não ter "tentações" em casa é boa, mas difícil de alcançar quando se tem adolescentes na mesma casa... Beijos,
Zen

Claudiacva disse...

Olá kerida, isso não está facil e bem te entendo, no outro dia fui acompanhar uma pessoa a uma reunião dos AA, uma reunião aberta a quem quiser acompanhar quem lá anda. E sinceramente vi-me retratada em muitas daquelas historias, mas em vez de bebida era comida. Os nossos blogs funcionam um pouco como terapia mas quem sabe um dia se torna comum haver reuniões desse genero tb para nós.
Agora ou se procura ajuda médica ou temos um grande controlo.

Bel disse...

Se descobrires alguma pista avisa..porque eu sou exactamente assim e nao percebo porque....Beijinhos..estou de volta!

Su disse...

Preencher vazios, arranjar falsos airbags para lidar com a realidade, auto mutilação, única e estranha forma de transgressão...algumas pistas que aplico a mim.
Bj

P.S. Assumo que me rendi à psiquiatria. Estou a adorar as drogas. Estou a conseguir controlar a compulsão!

menos dez disse...

Já estive assim, foi uma fase dura da vida, em que sentia não ter controlo sobre nada do que me acontecia. Hoje sei que em mim isso era um sintoma de um enorme vazio cá dentro que só começou a sarar quando começei a ser mais a pessoa que eu queria ser e menos a que os outros esperavam de mim. Até então acho que demasiadas vezes preferia desapontar-me a mim só para não desiludir os outros nas expectativas que tinham para mim. Cada uma têm os seus fantasmas...Á um livro que me lembro de ter feito sentido "O caminho menos percorrido".

Anónimo disse...

Olá, experimenta comer cerelac ao pequeno almoço e uma massa ao almoço. Depois repara se a tua gula nao fica mais moderada.

Mishi disse...

Querida Zen, antes de colocar a banda eu era tal e qual como tu.
Felizmente a colocação da banda fez com que tivesse um choque psicológico e mudasse a minha forma de pensar.
Penso que deves arranjar ajuda, uma psicologa dentro da área da nutrição. Sou seguida por uma e gosto muito, ajuda-me mesmo muito.

Beijinhos e muito ânimo!
Desistir é que não!