domingo, 29 de abril de 2007

Good news.



Finalmente consegui controlar o que como. Por fases, devagarinho, como com os bebés que se vão adaptando aos sólidos. Ontem testei-me e fiquei a saber que sou capaz de passar 24 horas sem tocar em pão e em lácteos, mesmo quando me passam à frente durante todo o dia. E o dia de hoje também está correr bem, so far (enfim, no Sul diz-se "coisa gabada, coisa estragada"). Isto vai, minhas amigas, isto vai.

sábado, 28 de abril de 2007


Cuidado com as imitações.

Uma das nossas girls, já não sei qual (Mishi?), fala recentemente sobre a ingestão de (ácido linoleico conjugado CLA ) para emagrecer, fazendo ou não desporto. Quero sugerir-vos que investiguem melhor os efeitos coleterais do ácido linoleico, sobretudo porque é uma substância de uso intensivo pouco recente e, portanto, ainda pouco estudada... a prazo. De qualquer modo, sabe-se que o ácido linoleico (vejam o óleo de onagra, por exemplo) é desaconselhável a quem tem cancro da mama. Logo, haja prudência.

Dieta do tipo sanguíneo
Ontem à tarde apanhei um pedaço de um programa na RTP2 sobre obesidade. Estavam presentes uma Maria João Fagundes (especialista em Comportamento Alimentar, de Santa Maria), um cirurgião plástico e o tal Fernando Póvoas. Este Póvoas, como sabe quem passou à frente de uma livraria nos últimos tempos, escreveu recentemente um livro qualquer sobre dietas. Pareceu-me, por sinal, um indivíduo verdadeiramente seco e desinteressante, ao melhor género "estreitinho de ideias" (tem qualquer coisa de Salazar, fisionomicamente falando, mas isso é um pormenor). Às tantas, a apresentadora começou a comentar as diferentes dietas inventariadas no livro do indivíduo: lá veio o floclore das dietas das cores, disto e daquilo, e mais o horror, clamava o Póvoas, de não se lhes conhecer o pedigree científico (de que ele se deve considerar o paradigma). Lá chegaram à dieta do grupo/tipo sanguíneo (há uns livrinhos baratos, por grupo sanguíneo, à venda na Terra Pura, no Colombo), e o Póvoas murmurou, ainda que baixinho, que tinha achado que dava algum resultado (mas também é verdade, digo eu, que a dita dieta, mesmo não limitando quantidades, retira fritos a açúcares de todas as dietas, creio).

Ser ou não ser fã
A parte mais interessante foi quando o cirurgião plástico ali presente, presumo que farto do paleio do senso-comum do Póvoas, lhe perguntou de chofre o que é que ele pensava das alergias como causadoras da obesidade. O Póvoas engasgou-se e tudo o que conseguiu dizer foi: "Não sou fã." "Não é fã de quê?", perguntou-lhe o outro, com alguma impaciência. "Aquela coisa de se fazer os testes? Acho que não tem nada a ver." Bom, do Póvoas e do seu achismo ficamos conversados por aqui. E então o cirurgião plástico marimbou-se no outro e contou a sua própria experiência: tinha emagrecido "drasticamente", disse, depois de ter descoberto que era alérgico ao glúten e ter deixado de comer pão e outros alimentos que o tenham.

Conhecer as nossas alergias alimentares
O que me lembrou logo da minha amiga T. Perdeu bastantes quilos e resolveu uma série de problemas intestinais e digestivos (que arrastava há anos, sem sucesso, pela medicina alopática) depois de consultar uma cinesiologista alimentar (ignoro se com ou sem pedigree científico, mas que lhe resolveu o problema), em Bruxelas, onde vive, a qual determinou todos os alimentos a que era alérgica, e eram bastantes. Por exemplo, cereais e farinhas, só de trigo-espelta. Citrinos, lácteos e pimentos, out. E por aí adiante. Alguns alimentos, só teve de cortar temporariamente. Outros, disse-lhe que teria de o fazer para toda a vida. E mais: a consulta da dita cinesiologista alimentar custava, há um ano, 50 euros. Nada que se pareça com o balúrdio de 300 euros que me pediram há mais tempo, numa clínica de Lisboa, para fazer um teste de alergias alimentares - e que, assim sendo, não fiz.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

(Onde eu estava no 25 de Abril.)

(Estava na segunda classe. Era ainda o tempo das turmas não mistas e dos alunos embrulhados em batas de cor branca-Omo. Tinha oito anos e meio, mas guardo alguns flashes nítidos desse dia. O meu pai fazia a barba na casa de banho, a minha mãe já teria saído para trabalhar. O meu pai disse, estando eu à entrada, ainda no corredor da casa da Póvoa: "É melhor não ires à escola hoje, que parece que há barulho em Lisboa." O meu 25 de Abril começou aqui, no corredor, à entrada da casa de banho. E fui à escola. Não havia professores nas salas, nem funcionárias à vista. Circulava-se livremente por toda a escola. Na minha sala, uma colega que já não consigo identificar chorava porque "agora" iam matar os primos e os tios dela que estavam em Angola, o que me deixou imensamente perturbada - de tal maneira que ainda me recordo do local exacto da sala onde ela chorava. Uma ou duas horas depois, mandaram-nos para casa. Mas terá sido de antes disso que guardo uma imagem poderosa: na estrada nacional Lisboa-Loures, junto da qual ficava a minha escola primária, vi passar carros de combate, o que me pareceu uma coisa assombrosa. De onde viriam aqueles carros, pergunto-me hoje? Há anos que tento descobrir. A coluna do Salgueiro Maia (se bem que eu gostaria) não era, porque, embora estivesse já a dois ou três quilómetros dali, entrara em Lisboa pela Segunda Circular. É caso para dizer que Abril me passou à frente do nariz e não percebi. Uns dias depois, papagueava eu slogans-de-protesto-da-época na varanda dos meus vizinhos de cima. O filho deles, que tinha mais uns dois anos do que eu, vociferou:
"Cala-te, ó!, que aquele ali da frente é da Pide!"
"Da Pide? O que é isso?"
"És mesmo estúpida, ó!, não sabes o que é a Pide, não sabes o que é a Pide!!"
Os meus pais eram nada politizados, está-se mesmo a ver. O mesmo não poderia dizer o meu amigo R, cujos pais foram um belo dia chamados de urgência à escola pela professora primária, ainda no tempo do 24. Tiveram sorte, os pais. A professora, aflita, mostrou-lhes o desenho livre que o filho fizera recentemente: uma foice e um martelo. Post: Não, não voto CDU, mas estou muito grata a todos os comunistas, e a outros, que deram o corpo ao manifesto pelo meu futuro.)

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner

www.camara-clara.blogspot.com




Sempre.


terça-feira, 24 de abril de 2007

Chain.


O estranho mundo de Zen?


O prometido é(-me) devido.

Aqui fica a bizarra lista de tudo o que comi hoje. Sei que, assim de repente, não abona muito a favor da minha sanidade mental, mas posso alegar em minha defesa que este foi, pelo menos em termos de horários, um dia atípico. De resto, é o que já se sabia: tenho uma doença do comportamento alimentar.

PA: um iogurte de pedaços (não light) com cereais sem açúcar

Hora de almoço: sopa + meia carcaça + duas fatias de queijo ‘normal’

Fim da tarde: (senti fome e fome de hidratos, não me apetecia sopa) lata de 300 g de grão + lata de atum ao natural + cebola + fio de azeite

Hora do jantar: prato pequeno de esparregado feito com azeite

Pelas dez da noite: (acesso compulsivo) duas carcaças + maionese que se visse + três fatias de queijo ‘normal’

Agora vou pôr-me a olhar para isto de fora, a ver se se vislumbra alguma coisa. Se avistarem algo de novo, digam-me, sff. Ah, e dispensem-se de fazer a correcção dietética, pois daqui vos garanto que tenho a teoria toda. O meu problema de reeducação alimentar é outro.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

A subjectividade emocional na obesidade.


Por Valdeci Gonçalves da Silva


"Quando o sofrimento não se consegue expressar pelo pranto, ele faz chorar outros órgãos."

(H. Maudsley)

A Vênus de Wilendorf é uma estatua de imenso busto e abdome dilatado, data da era Paleolítica, e que representa a obesidade feminina. De fato, o tipo matrona ocupou espaços nas telas do Renascimento. Mas, depois deste período se instituiu o padrão magérrimo de beleza, exigido não somente nas passarelas, mas também imposto as cidadãs comuns que não sobrevivem à base de alface. Segundo Horkheimer (1976) 1, "da natureza à modernidade, o corpo é visado, reeducado". O modelo atual instigado pela mídia é construído, torturado, costurado e reconstruído nas clínicas e academias. Antinatural, muitas vezes é super valorizada a estética em detrimento da saúde. Neste sentido, Azevedo (apud AZEVEDO, 2002) 2 diz que a influência cultural dos padrões de beleza predomina sobre os aspectos éticos e socioeconômicos. Enfim, a ditadura do culto às formas termina por implicar em maiores ônus para a figura feminina. Como salienta Dadinter (2003) 3, a sociedade de consumo sexual, em particular para a mulher, o corpo deve ser jovem, performático e excitante. Porém, se por um lado, a busca do ideal de físico perfeito tem ênfase no narcisismo e está pautado na crença de que ele traga sucesso profissional, afetivo e social (MORGAN e AZEVEDO, 2002) 2; por outro, a indústria alimentícia instiga hábitos com suas propagandas mirabolantes que estimulam o apetite. Uma vez que o alimento é um catalizador de emoções, isto associado ao estresse da vida moderna, não dar outra: Come-se cada vez mais, e qualidade indesejável. Para Woodman (2002) 4, a obesidade é uma síndrome que consiste em sintomas não particulares, mas de um mal-estar geral na cultura ocidental.
Atualmente, a obesidade tornou-se uma epidemia mundial que, em sua imparcialidade, não discrimina ninguém, seja das classes abastardas ou proletárias. Embora o excesso de gordura tenha uma condição multideterminada, no entanto, a maioria dos casos não tem uma causa orgânica que a justifique, isto leva a pensar a obesidade como um Sintoma (LOLI, 2000) 5.
No entender de Groddeck (apud VOLICH, 2000)6, não existe doença orgânica ou psíquica, pois o corpo e a alma adoecem juntos. A etiologia da obesidade está relacionada à psicodinâmica dos conflitos somatizados devido às reações adaptativas e defensivas débeis ou inadequadas que atingem os mecanismos de defesa do ego (VOLICH 6, 2000; SICHEL apud BUXANT, 1988)10, ou seja, fatores psicossociais e emocionais enfraquecem o funcionamento imunológico, bem como o metabolismo do organismo. A primeira vista o gordo pode parecer auto-suficiente, cuja gordura é usada como manobra para disfarçar seus sentimentos ansiogênicos. O transtorno alimentar é, na maioria das vezes, uma expressão de conflito inconsciente. Ou seja, de situações emocionais inacabadas, negadas, de lutos não elaborados que reativam o sofrimento psíquico. A pessoa obesa não constrói um anteparo, "um dique de proteção" contra essas emoções mal resolvidas que acabam por desaguar na compulsão alimentar. Em outras palavras, a fuga por meio da comida é uma tentativa de atenuar as angústias e as frustrações, que assume a função de preencher seu vazio afetivo e de trazer alívio para suas tensões e dificuldades das quais o obeso não consegue resolver e, assim, conquistar um certo estado de paz ou equilíbrio psíquico.
A obesidade pode representar a cristalização da impossibilidade de fazer sarar os doloridos da alma. Assim sendo, resigna-se à entrega, por vezes desenfreada, da comilança. Woodman (2002) 4 diz que, "de um jeito ou de outro somos viciados porque nossa cultura patriarcal enfatiza a perfeição. Por isso, uma das maiores dificuldades no trabalho com adictos em comida consiste em ajudá-los a superar a sensação de desespero quando perdem a euforia associada a esse vicio" (passim). O alimento é o primeiro objeto transicional da criança, é ele que faz a ponte mãe-bebê, isto é, não é somente uma fonte de nutrição, pois estabelece e fortalece o vínculo de uma interação prazerosa de investimentos afetivos. Neste sentido, Loli (2000) 5 e Woodman (2002)4 consideram que o ato de comer revela a busca de afeto maternal, comer desregradamente tem o poder magnético, na medida que parece prometer a presença da Mãe Amorosa. Ou seja, de uma mãe que nunca chega e sua falta se transforma em mais volume. Em geral, o obeso padece da Alexitimia, termo de origem grega que significa: a = sem; lexis = palavra; thymos = afetividade. Para MacDougall (apud LOLI, 2000)5, ele não consegue expressar em palavras o seu estado afetivo, e não distingue um afeto do outro ou o dispersa em ação para aliviar a excitação afetiva que não suporta.
Os desejos estéticos e sexuais estão latentes na pessoa obesa, porém, as limitações físicas, a sofrível qualidade de vida, o risco de morte prematura devam consistir nas suas maiores inquietações, e de seus parentes. No entender de Fasolo e Diniz (2002) 2, todos os membros da família afetam e são afetados pela doença, o paciente identificado não é o único que tem problema. Nesta perspectiva, Martins (2002)2 diz que pelo fato da família estar sendo atendida, não significa que seja a origem da doença, ela tem recursos a serem explorados para ajudar a promover saídas mais saudáveis para todos.
Por que também não pensar a obesidade como dobra da revolta inconsciente, uma forma de protesto pelo excesso das demandas sociais que ditam e controlam os modos de vida? Assim, na contra mão do sistema, o indivíduo procura impor suas vontades, soltando as rédeas de uma conduta alimentar "libertária" (aspada porque é seguida de culpa). De acordo com a nossa experiência clínica, embora queira vivenciar a sexualidade plena, o candidato à cirurgia, parece, num primeiro momento, mais disposto a ficar bem consigo. Na obesidade feminina, não se pode perder de vista que, quase sempre, tem viesses afetivos e/ou sexuais, a exemplo do medo de ser tida, pelo sexo oposto, como mero objeto sexual, etc. Neste aspecto, Schelotto (2000: 22) 7 afirma que "os homens mesmo na presença das mais românticas palpitações de amor, dificilmente prescindem do aspecto físico". Enquanto que o homem obeso deixa claro o desejo de recuperar as condições para um melhor desempenho sexual que, em parte, se deve as exigências do seu papel mais ativo no encontro amoroso. Geralmente, os obesos têm dificuldade de encontrar parceria sexual, e, quando isso acontece, reduz à atividade erótica aos limites que o peso e volume corporal impõem. A cirurgia é o primeiro passo na reconquista de si, entretanto, muito mais o cirurgiado precisa fazer na conquista da saúde, longevidade e vida social, o que inclui a disposição de contar, nesse empreendimento, com a ajuda de profissionais nas áreas da psicologia, da nutrição, da plástica e outras.
A cirurgia bariátrica tem se mostrado uma técnica de grande auxilio na condução clínica a grande maioria dos casos de obesidade (FANDIÑO et al., 2004)8. O paciente com transtorno do comer compulsivo evidencia uma história de tratamento anterior em relação ao controle do peso (APPOLINÁRIO, 2002) 2. Isto significa dizer que se submeter à cirurgia bariátrica é, em tese, seu último recurso, deixar que o outro (médico) faça o que ele não conseguiu impor a si mesmo: Autocontrole. Mas, o cérebro não registra a redução do seu estômago, e ele não mais dispõe desse recipiente para as descarga e compensação das frustrações, impotências e castrações. E agora, para onde vão as energias agressivas da mastigação e de outros afetos insaciados? Daí a necessidade de acompanhamento psicológico no pré e pós-cirúrgico, para que o paciente compreenda e aceite seus sentimentos, e, em razão disto, maneje com mais assertividade as suas emoções.
No entender de Gabbard e Westen (2003) 9, na medida em que os sistemas inconscientes guiam a maioria de nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos, em muitos casos, deverão ser o foco primário da ação terapêutica, assim sendo, o papel do analista é ajudar o paciente a se tornar ciente desses padrões inconscientes expressados na sua conduta.
A Avaliação Psicológica Pré-operatória de obeso mórbido é um processo criterioso de fundamental importância que consiste no uso de testes psicológicos atualizados e entrevistas que auxiliam na compreensão e orientação do paciente, objetivando a redução de possíveis complicações pós-operatórias. Para Fandiño et al.,(2004: 48)8, "o paciente no período pós-operatório também deve ser avaliado, a intervalos regulares para o acompanhamento do seu funcionamento posterior". Na ótica destes autores, a equipe deve estar atenta para ocorrência de crises depressivas que podem aparecer após a cirurgia e que necessita de suporte e tratamento especializados. Na compreensão de Woodman (2002) 4, a desprezada gordura é, de fato, a âncora na vida do obeso que ele assume e pode variar em proporção direta á aceitação ou a rejeição com que contempla sua humanidade. Porém, "a identificação não está marcada somente no espírito, mas também no corpo" (CASTETS In:1988: 9) 10. Desse modo o luto pelo corpo perdido talvez precise ser enfrentado para que não torne a ocorrer um repentino aumento de peso. Elaborar a perda da então "adaptada carga" e introjetar a aceitação de uma nova silhueta que aos poucos vai sendo delineada. A função do psicólogo é, além de trabalhar no resgate das emoções do paciente, ajudá-lo também na restauração dessa imagem e esquema corporal. Como afirma Greenberg (apud ROMANO e MICANTI Romano In: 1988: 188) 2, "mudar significa perder relações e situações precedentes e também perder aspectos do próprio Si". Finalmente, com bastante propriedade Martins (apud LOLI, 2000: 29)5 diz que "emagrecer e ficar magro é uma condição que exige competência para lidar com a força imposta pela nova imagem corporal adquirida através do tratamento".

REFERENCIAS
1. HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. Rio de Janeiro: Labor, 1976.
2. NUNES, Maria Angélica Antunes et al. Transtornos alimentares e obesidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.
3. BADINTER, Elizabeth. Fausse Route. Paris : Odile Jacob, 2003.
4. WOODMAN, Marion. O vício da perfeição. São Paulo: Summus, 2002.
5. LOLI, Maria Salete Arenales. Obesidade como sintoma. São Paulo: Vetor, 2000.
6. VOLICH, Rubens Marcelo. Psicossomática . 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
7. SCHELOTTO, Gianna. Porque nos sentimos incompreendidos . Lisboa: Presença, 2000.
8. FANDIÑO, Julia, et al. Cirurgia Bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. V. 26, n. 1, Jan/Abr, 2004.
9. GABBARD, Glen O e WESTEN, Brew. Repensando a ação terapêutica. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. V. 25, n. 2, Mai/Ago, 2003.
10. HERMANT, G.(Org.). O corpo e sua memória. São Paulo: Manole, 1988.

Um link interessante e reflexões avulso.



Para além da ideia e da capacidade de mobilização, o site das Andarilhas é também interessante pelos links que fornece. Ora espreitem lá: http://www.andarilhas-lusas.blogspot.com/ Se estiverem interessadas, creio que podem aderir.

A Su enviou-me (entre outros) um artigo interessante sobre as causas da obesidade, que publicarei noutra altura, por não lhe poder aceder agora.

Por falar em agora, agora que a estação mudou, voltei a cruzar-me com a roupa que vestia há apenas (apenas?) quatro anos, antes de ter engordado. Calças número 40/42... que agora me serviriam nos braços - isto, se me atrevesse a usar calças. Percebo também que não me vejo com o peso que tenho. Há em mim um problema de distorção da auto-imagem, ainda que suspeite que não se trata de um exclusivo de quem não era gordo e passou a ser. Trata-se provavelmente, isso sim, do mesmo problema que afecta os anorécticos, mas colocado do outro lado: o anoréctico vê o que lá não está, o obeso escapista não vê o que lá está. Ser-me-ia mais fácil encontrar motivação e persistência para controlar a alimentação se me visse ao espelho como realmente os outros me vêem, com todos os meus cem quilos? Penso muitas vezes nesta possibilidade. Que faço quando detecto um problema num amigo? Faço o possível para que ele o elimine, claro, para que se consciencialize e reúna estratégias, instrumentos operacionais. E por que é que isto não se aplica a mim mesma? Será que não me considero à altura de resolver o problema? Ou será que nem o chego verdadeiramente a ver? (Não se pode combater um inimigo oculto.)

Ando a ver se arranjo coragem (e organização) para afixar publicamente, dia a dia, tudo o que como. (Ena. Só a ideia me parece esmagadora.)

quarta-feira, 18 de abril de 2007

(...)


1.
Diz-me um fumador militante e melindrado com tanta perseguição aos seus "direitos" (de fumar livremente para cima de mim) que o próximo combate social vai ser contra a obesidade. Vai ser, sim, não está já ser? Ups. Estamos na mira.

(Sinto-me na vanguarda. Afinal, foi quando renunciei aos meus dois macinhos diários que engordei 30 quilos.)

2.
Sou muito gozada lá em casa por ver regularmente, quando me lembro e quando posso, o programa da Oprah. Na verdade, estou-me nas tintas, e continuo a vê-lo e a lacrimejar sempre que tenho vontade, sem qualquer embaraço, como sempre li e consumi de tudo o que é informação: de O Crime ao Jornal de Letras (fora os desportivos).

Não percebo (ou, aliás, julgo perceber) o que é que incomoda tanto as pessoas naquilo a que chamam "manipulação emocional". Temos mesmo uma herança cartesiana, não é? Não estamos afinal muito longe do tempo em que à mesa não se falava e em que o marido era sempre mais culto e informado do que a mulher.

Sobretudo no que toca às emoções e à sua expressão em sociedade (e não só), sentimo-nos muitas vezes desconfortáveis, com destaque para os homens, por especial deformação educacional e cultural.
Se o Pacheco Pereira e seus compinchas torcerem e distorceram, a seu bel-interesse, a(s) realidade(s) dita(s) objectiva(s) na Quadratura do Círculo (já para não falar do obrigatório Professor), toda a gente acha aceitável que a sua própria inteligência seja manipulada. Contudo, se a coisa tocar às emoções... ai Jesus!

Pois eu vejo a Oprah sempre que me interessa e, geralmente, gosto. É light sem ser vazia. E mais: aprendi muito mais com ela sobre obesidade, compulsão, projecção e outras coisas terminadas ou não em "ão" mas relevantes para a minha vida do que aprendi, ou aprenderei alguma vez, com o Professor Marcelo e quejandos.

Fim do (...).

:-)




Por falar em metáforas neptunianas.


terça-feira, 17 de abril de 2007

A vida via Santarém.












Fomos passar o fim-de-semana a Santarém. Assim de repente, ao meio-dia de sábado, apeteceu-nos. Eu não ia lá há mais de 25 anos, quando, lá pelos 13/14 anos, passara umas férias com uns amigos numa aldeia dos arredores que Alexandre Herculano escolheu para viver e morrer. Muitos banhos tomámos no tanque grande da quinta do Herculano! Hoje, há um enorme portão de metal verde à entrada. Fechado e sem campainha. Estas são algumas fotos de Santarém revisitada.

Continuo sem computador em casa. E, segundo o Carrefour, onde fui devolver a máquina ao abrigo da garantia, continuarei durante um mês. A ver vamos.

Engordei cerca de quatro quilos nestes últimos 15 dias. Tenho andado um tanto deprimida, "acentuadamente neptuniana", segundo a minha amiga São, o que deve ajudar a explicar a hecatombe. Só me apetece dormir. Por outro lado, estou cheia de trabalho, mesmo que não me apeteça escrever uma linha. Mas hoje acabou, decretei. É preciso regressar ao reino da luz. E recomeçar de novo esta luta de Sísifo contra os quilos. (Contra os quilos?)

Entretanto, decidi aproveitar a energia dos tempos de outra maneira: voltei a fazer auto-reiki e, porque não há coincidências, fui chamada para um projecto de voluntariado em que me inscrevera no final de 2006. "Mas tens tanto para fazer e ainda te vais meter em projectos de voluntariado?!", perguntam-me. Sim, respondo, uma coisa nada tem a ver com a outra.

Estou a dieta.

Convém lembrar.


sexta-feira, 13 de abril de 2007

Sem computador.



Estou sem computador, ou sem computadores, porque já estava sem um dos computadores. Em termos de trabalho é um contratempo, mas, em termos de resto da vida, não deixa interessante, porque tenho agora muito mais tempo para ler, para conversar e para o resto. Regressei à releitura de Fluir, de Mihaly Csikszentmihalyi. É um livro fundamental se se está interessado em ser feliz - e eu estou.
Muito obrigada a todas pelos comentários que me deixaram no post anterior. Saibam que vos li e reli várias vezes, porque acredito, como os budistas, que o segredo mais bem guardado é o que está à mostra. Um dia, espero, pois, que a verdade se me revele, com toda a simplicidade que a verdade costuma ter, pelo que me mantenho atenta.

Engordei uns dois quilos depois desta semana desastrosa, mas a vida continua. E a necessidade de os perder também. So, next. Em espiral, suponho. Parecendo que não, não estamos nunca no mesmo lugar.

Um abraço,
Zen

Sem título.


segunda-feira, 9 de abril de 2007

Porquê?


Esta Páscoa serviu para várias coisas, entre elas, para perceber, claramente percebido,
que tenho uma (chamemos-lhe assim) doença mental relacionada com a comida. O modo como eu como é patológico, neurótico, certamente obsessivo. Durante a semana antes da Páscoa, aproveitei os banquetes diários em honra da visita do lado espanhol da família, e, tomando isso como legítima desculpa para mim mesma, lá me fui empanturrando diariamente. Que era só enquanto eles estivessem, esgrimia com a minha má consciência. Depois acabava. Mas depois veio o fim-de-semana em casa dos meus pais. E começou por ser só uma ponta de um bolinho de torresmos, e mais outra pontinha, e outra, e depois o bolinho inteiro. E mais outro bolinho. E outros. E mais a pontinha do folar, e do pudim de ovos… De preferência, pela surra, para evitar ter de ouvir recriminações públicas. Ontem à noite dei por mim a desejar ardentemente que a minha mão, coitada, se fosse enfim deitar e me deixasse o reino da cozinha. Para quê? Na dispensa estava uma alcofa cheia de Ferrero Rocher e outros que tais, que uma visita frequente lhe tem oferecido (a minha mãe, que não é gulosa, acumula estas coisas). Já estão mesmo a adivinhar, não é? Começou por ser só um, e acabei por comer a caixa de Ferrero inteira. Como se só a caixa inteira pudesse aplacar a minha fome avassaladora (e ainda olhei cobiçosamente para as outras caixas). Primeira moral da história: numa semana engordei uns dois quilos ou mais. Moral imprecisa da história: não sei por que isto me acontece, ou porque aconteço eu a isto.

Alguma pista?



segunda-feira, 2 de abril de 2007

Chá vermelho (o chinês Pu-erh, e não o sul-africano Rooibos).





Retomando o tema dos chás emagrecedores, aqui está um que não podia ser esquecido: o chá vermelho (não confundir com o também delicioso Rooibos, de origem sul-africana, que escolho muitas vezes para as minhas noites, por não ter teína). Este de que quero falar agora é o chá vermelho chinês, o Pu-erh, uma variedade fermentada que tem origem na mesma planta que o chá verde.
Vejam o que se diz na Net:

O chá vermelho também é conhecido como "o devorador de gorduras".
No entanto, os benefícios deste chá vão muito além das já conhecidas
propriedades adelgaçantes, nomeadamente as que se seguem:

Acelera o metabolismo do fígado;
Favorece a redução do colestrol;
Depurativo;
Desintoxicante, usado em tratamentos adelgaçantes e de beleza;
Antidepressivo;
Facilita a digestão.



Mas atenção: é um chá com teína, pelo que não o devem beber à noite ou a partir da tarde, se, como eu, forem especialmente sensíveis a estes chás. Ainda na última sexta-feira o relembrei: à conta de uns bons copos que bebi entre o final da manhã e o princípio da tarde, acordei às quatro e meia da madugada de sábado, fresca como uma alface - coisa rara de me acontecer (durmo geralmente muuuuuuito e bem).

Vende-se nas lojas de tipo Celeiro e, pelo menos nas versões "bio", é relativamente caro: um pacote custa cerca de cinco euros.